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História do Parque da Aclimação

01/04/2011 - 13:50

Após adquirir o Jardim da Aclimação da família de Carlos Botelho, em 1939, a prefeitura de São Paulo praticamente o abandonou. O zoológico que ali existia foi retirado, o parque de diversões, depredado, o lago, poluído, e o mato tomou conta do que antes era um gramado. Só 15 anos depois, em 1955, na administração de William Salem, algumas reformas iniciadas por Jânio Quadros foram concluídas: as alamedas receberam asfalto, postes de iluminação foram instalados e foi construída a concha acústica utilizada até hoje para shows. Em 1956, o local ganhou também o campo de futebol. Menos de dez anos depois, na década de 1960, as reclamações da comunidade recomeçaram. Desta vez, no entanto, além de resíduos, buracos e mato, a preocupação era com ladrões e usuários de drogas que haviam se deslocado de pontos mais centrais e visados pela polícia, como o Jardim da Luz, para os bairros. A situação chegou a tal ponto que em 1969, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um alerta à população, para que não fosse ao parque nem mesmo durante o dia: “... as más intenções se escondem por detrás da vegetação espessa ou da escuridão quase total que marcam o Parque da Aclimação”. Em 1972, já na administração Figueiredo Ferraz, o parque passou por sua última grande reforma. Umas das providências, estendida a muitas praças da cidade, foi a colocação de grades em volta da área, com o objetivo de controlar a entrada pelos seus quatro portões. Foram restauradas benfeitorias já existentes, como o antigo ancoradouro, a concha acústica, as pistas de bocha, as alamedas e canteiros, a praça esportiva, que recebeu novos alambrados e arquibancadas. Um novo playground também foi construído, aproveitando os desníveis do terreno. Em abril de 1986, preocupados com a cessão de áreas do parque a particulares, realizadas durante as sucessivas gestões municipais desde a compra do terreno pela prefeitura, a Associação de Defesa do Parque da Aclimação entrou com um pedido de tombamento do local junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico do Estado (Condephaat). Um cálculo simples amparava o pedido dos moradores: em 1939, foram vendidos à prefeitura 182 mil metros quadrados de área verde. Em 1986, restavam 112 mil metros quadrados. No dia 5 de outubro de 1986, o Parque da Aclimação foi tombado pelo Condephaat, livrando-se finalmente dos perigos de retalhamento e de obras que ameacem sua integridade. Atualmente, o parque recebe de cinco a sete mil pessoas nos fins de semana. Ao contrário dos tempos em que se chamava Jardim da Aclimação e atraía moradores de outros pontos da capital em busca de lazer, hoje a maioria dos seus freqüentadores vive no bairro.